Wednesday, November 4, 2015

EXTRA ! EXTRA ! Novidade chegando !

Existem vinhos que nascem prontos para serem bebidos são leves, frescos, jovens e alegres. De uma certa forma encaro estes vinhos como aqueles que matam a nossa sede imediata! São como os insights que temos vez ou outra com idéias e soluções espontâneas. Nesse momento o brinde deve ser feito com aquele vinho pronto, aquele mesmo que vem com a garrafa tapada com aquela "tampinha de rosca" o polêmico screwcap. Ao entoar esse brinde, como num insight brilhante, devemos gritar: EUREKA!

Outros vinhos, como meus bons e amados Barolos e Barbarescos, precisam de um certo tempo de amadurecimento. Esse envelhecimento do vinho confere qualidade, intensidade, longevidade e principalmente poder e estrutura ao vinho. Nesse caso é primordial o fechamento com uma bela e forte rolha de cortiça que vai permitir que todas as micro trocas e trabalhos cheios de detalhes e delicadezas sejam feitos lá dentro daquelas garrafas lá no fundo da cantina, em silencio absoluto, no escurinho no cantinho na paz que todo bom vinho merece. A este processo eu faço a analogia com os grandes planos, aqueles que só um insight não adianta, aqueles que comportam estudo, organização, planejamento, alguns trabalhos minunciosos outros grandiosos. Esses planos, como os vinhos de guarda devem permanecer em silencio, lá no fundo da cachola amadurecendo e esperando o momento certo para serem entornados na taça.

Com ORGULHO E ENCANTAMENTO, após um loooooongo período de amadurecimento no fundo da adega o Bicchiere está prestes a abrir a sua melhor garrafa e proporcionar ao amigos e amigas um brinde especial. Um brinde que estará em todos os lugares, nos momentos mais bacanas das nossas vidas. Como qualquer vinho deve ser, os jovens e os maduros.

Porque nós somos daquelas que acreditam que bons momentos devem ser compartilhados por todos em qualquer lugar. Gostamos de beber vinho sem frescuras nem grandes regras. E estamos trabalhando com afinco para muito em breve apresentar um lançamento INCRÍVEL!
Com a nossa carinha, cheio de alegria e preservando aquela forte intenção de “desglamourizar” o consumo dos vinhos. A partir de agora vamos mostrar que para beber vinho não é preciso ser expert. Basta sentir prazer e ter disposição de se aventurar nas sensações maravilhosas que cabem dentro de uma boa taça!

E estaremos por aí, em qualquer lugar que você desejar, servindo taças cheias de histórias e sensações!
Quando falava que vinha coisa nova por aí era sério se você não acreditou prepare-se para segurar o queixo pois ele pode cair a qualquer momento!
Transformação é AÇÃO, ação é movimento e o Bicchiere se movimentou tanto que agora não quer mais parar, dizem que quando você aprende a andar de bicicleta e pega gosto nunca esquece! Quando você bebe um bom vinho e pega gosto também é difícil de esquecer e parar...
Pedalemos e vinhemos amigos e amigas porque as coisas boas da vida são muito parecidas com aquele ventinho bom que bate no rosto quando você desce uma ladeira de bici e tem aquele gostinho delicioso do primeiro gole que você dá na taça do seu vinho favorito!

Thursday, May 28, 2015

Harmonização: Uma questão de paladar e não de regras

Quem me conhece bem, conhece o Bicchiere e todo meu trabalho sabe que sou super contra as regras desse mundão do vinho.
Para mim é muito difícil aceitar quando vários amigos e até mesmo clientes me dizem que é tudo muito cheio de rococó quando se trata de vinho. Ouvir a fatídica frase "eu não bebo vinho porque não sei beber vinho"
AAAAAA isso só não acaba com meu dia porque me dá mais e mais certeza de que estou no caminho certo, estou aqui para quebrar esses paradigmas e mitos. E cada sorriso e satisfação que percebo nos amigos que compartilham suas taças nos Botecos Di Vino me enchem de motivação!
Então como não podia ser diferente hoje vou escrever sobre mais uma quebra de mito!
HAR-MO-NI-ZA-ÇÃO

"Ai meu Deus, Camila!!! Estou aqui no mercado, vou comer strogonoff  e salada de maionese na casa da minha tia... Que vinho que eu levo???"
- Enochato: Strogonoff com vinho??? Maionese ??? Que horrooooorrr!!! Leva um pack de cerveja e seja feliz!!!! (aff aff enochatos!!!)

Bem, queridos, levem os vinhos que fazem vocês felizes!!! Um Malbec jovem que talvez agrade o maior número de paladares, um rosé de Syrah que não tem muita doçura e vai combinar visualmente com o prato. Ou até mesmo um merlotzinho básico que com certeza sua tia vai gostar.

Harmonização é uma questão de paladar! Eu sempre digo isso! 

O que é bom para mim pode não ser bom para você e pronto acabou, não tem discussão!


Diz o ditado que política religião e futebol não se discute, não é mesmo? Eu também não discuto harmonização!
Eu gosto mesmo é de conduzir harmonizações.
É tão legal quando você oferece as possibilidades e testa só olhando as reações da galera ao experimentar. Cada um faz uma careta diferente! Satisfação, arrepio, éca, humm e por aí vai.

Pega esse vinho e bebe.
Agora morde esse queijo, e bebe o vinho de novo.
Agora passa geléia nesse queijo, morde e bebe o vinho de novo.
3 vinhos diferentes na mesma taça!!! Qual deles você gostou mais? Qual ficou horrível?

Qual era o queijo que eu usei? Geléia? Vinho? 
NÃO VOU CONTAR!

Experimente, descubra seus sabores... Anote o que você gosta e o que você não gosta! 
Faça você mesmo suas próprias regras de harmonizações!

E pensando em todas essas coisas que eu acredito, resolvi me juntar com mais alguns maluquinhos e fazer um teste bem legal. Alguns que viram nosso folder pensaram:
"Nooossa nada a ver! Vocês estão loucos? Que cardápio é esse?"
Ué, vem testar com a gente! 
Será uma experiencia sensorial incrível! Resolvemos surfar essa onda dos burguers do raio gourmetizador mas a gente não vai de cerveja artesanal não a gente vai de vinho, e vinho daqueles dos bons sim senhor! 
Porque PODE e porque fica DELÍCIA!!!
E a gente ainda vai abrir com uma surpresa a base de café e fechar com tradição a base de café! Puts, e será café do cerrado!!!
                          TORRA TAÇA E CHAPA

Uma noite cheia de sabores, burguers nada tradicionais, inclusive com opção vegetariana. Vinhos bastante tradicionais, para você testar, um com um outro com outro sem sugestão do que é bom para o que. 
Deixo tudo para você e coleto as reações, porque é isso que eu gosto de ver!

Vem com a gente! No dia 18/06/2015 lá no Sr. Café que é um pedacinho da Europa em Piracicaba. Nem acredito que você ainda não conhece!!!
Vai ser Di Vino!!! O Chef Mainon criou dois burguers delícia. Os baristas Matheus e Junior, Sr. Café e meu Pé de Café respectivamente, vão te surpreender, e eu...
Bem eu vou seguir fazendo o que eu mais gosto de fazer, vou te apresentar um bom vinho, contar qualquer fofoca sobre ele e deixar que seu paladar e sua memória façam o resto!

Beijos e Brindes

Thursday, March 19, 2015

Um Bicchiere de Nho quim é muito bom para In-pulsionar nossas ideias

Porque não é só de vinho que se vive uma sommeliére e porque um boteco di vino que seja realmente divino e que se preze pode sim se vestir de Boteco Di Birra e fazer a alegria da galera. Pois versatilidade é A CARA do Bicchiere Escritorio Di Vino.

Uma nova e saborosa parceria desse ano incrível 2015 é com a galera da In-Pulsa. Muita coisa boa rolando de mãos dadas, mentorias, consultorias, trocas e mais trocas e no meio de tudo isso claro que muitos brindes. 
Na verdade para mim a In-Pulsa é o meu caderninho de notas, o meu livro texto de consulta, meu espaço favorito de trabalho e mais outras cositas do coração, no entanto aquele lugar maluco cheio de outros malucos é um lugar que nasceu do incômodo desses malucos. Aquele incomodo que nos impulsiona a mudar. E nos muda daquele jeito que a mudança se espalha pelo mundo. Um espaço de discussão, observação e de impulso da inovação no interior paulista, como eles mesmo batem no peito quando se descrevem!
E eu tenho o maior orgulho de me rotular uma impulsionada!!!

Mas vamos aos fatos de fato! Lá na In-pulsa uma das coisas mais bacanas que acontece todo mês são os Meet ups. Meet o que teacher??? No meet up vem um cara ou uma cara daqueles MASSA demais para bater um papo e falar sobre algo MUITO legal e útil. São sempre poucas vagas e é sempre gratuito. E lota rápido!!! 

Outra parte gostosa do Meet up começou a tomar forma e marcar território no encontro passado. Foi justamente o boteco Di Vino fantasiado de Boteco Di Birra!
Todos bebem, todos proseiam todos trocam cartões planejam se conhecem se ajudam... É incrível! É muito além da experiência sensorial, é uma experiência vivencial !!!

Esse mês, no dia 26 de março a partir das 18h o Boteco Di Vino, ups, Di Birra vai levar para um Meet up especial uma experiência sensorial divinamente diferente. Teremos cervejas artesanais daquelas artesanais de verdade.
Mais um presente desse ano incrível foi dar as mãos para meus queridos amigos da Nho Quim CervejariaArtesanal que nasceu da despretensão de dois amigos que julgaram melhor que começassem logo a produzir o que precisavam para consumir do que gastar um dinheirão com o que havia no mercado e não lhes agradava tanto. A coisa foi tomando uma dimensão altamente carismática e hoje a pequena produção já sai da fermentação totalmente vendida por encomenda.
E os meninos são feras! Tudo de primeira!!! Eles são engenheiros e estudam a fundo cada passo do processo, e se completam... Se o César tem aquele carisma para vendas e até um “Q” de Tio Patinhas para a hora do Business, o André tem toda a precisão e cuidado do cientista maluco.

Como boa sommeliére que sou, muito entendo e amo de vinho e muito amo mas pouco entendo de cerveja. Por isso para preparar com carinho o Boteco Di Birra eu fui lá na fonte. Passei um dia com os caras, enquanto eles produziam um bom punhado de IPA de um lado e outro de Stout a gente foi dando risada e provando uma Birra aqui outra ali e escolhendo quais levaríamos até a In-Pulsa.






Gostou? O Cesar vai estar lá comigo! Vai rolar bons papos e altos brindes!!! 



Tuesday, March 17, 2015

Um vinho do lado de cá, outro do lado de lá. Sobre toda a amizade que cabe e vaza de uma garrafa!

Esse post foi escrito a 4 mãos. Em parceria com a Sara Mortara amiga querida de muitas taças e fritações, do Blog da Lagosta

Existe uma coisa que se chama amizade… Ela harmoniza muito bem com os vinhos, sejam eles quais forem. Suaves, secos, caros ou baratos, tintos brancos espumantes ou rosés... Eu tenho na minha vida grandes histórias e incríveis estórias aliadas com vários desses tipos de vinho.

Sempre também tentei associar cada tipo novo com uma música, um filme uma situação ou uma comida. Mas o que acaba mesmo acontecendo é associar algum tipo deles com determinados tipos de amigos e situações que vivi ou continuo vivendo!

Por exemplo, DEFINITIVAMENTE meus vinhos doces, suaves, brancos alemães da garrafa azul (ganha um brinde quem souber escrever o nome deles aqui!) estão muito associados à uma amiga irmã da época do colegial! Sim eu sou velha, sou do tempo do colegial! Me lembro que a gente ADORAVA esse vinho na garagem da casa dela enquanto os meninos jogavam sinuca numa mesinha dobrável que tomava lugar do carro que o pai dela tira gentilmente para a gente poder “brincar” lá embaixo enquanto a mãe preparava temaki para todo mundo e esse vinho foi de fato a grande estrela da minha festa de 15 anos junto com esses meninos e meninas dançando a valsa dos 15 casais nos idos dos anos 90 para que depois dançássemos e cantando a todo folego “we’re Always be together however far it seems”

Quando eu penso em vinho tinto eu mal posso completar um post, talvez um dia eu escreva um livro com o nome “sobre tintos e amizades”... Passei pela fase São Tomé da letras e o tinto doce de galão, e a época do tinto seco de mesa no dormitório da faculdade, teve a primeira degustação as cegas com definição de safra e uvas na mesa da casa da fazenda na Itália, alguns namorados, certos restaurantes, uma amiga para tomar sempre Shiraz e aquela outra com quem eu curto compartilhar um merlozinho de leve entre fofocas e reclamações, por aí vai...

O branco, bom isso é um lance de amor próprio, quase uma paixão de mim comigo mesmo. É sempre o MEU momento. Um amor além das predileções, é chegar em casa cansada abrir a garrafa tomar uma taça e começar o terceiro round! Ou terminar a faxina abrir a garrafa fazer uma bacia de pipoca e clicar play num Makhmalbaf ou talvez rever aquele Bergman.
A não ser me lembrar daquele fatídico dia em que eu e ela dividíamos um branco especialíssimo do Piemonte. Um Roero arnéis, garrafa MAGNUM (1,5L) simplesmente escorregou da mesa e quebrou como um vidro temperado em pedacinhos mínimos e muitos goles no chão, após termos bebido apenas 1 taça cada uma... Um branco no lixo, uma tristeza profunda!!! Tooooca correr para o mercado 24 horas comprar vinho branco!!!

Aí nessa vida de sommeliére a primeira coisa que sempre me perguntam é o que eu mais gosto de beber, é difícil dizer. Sabe eu gosto de beber vinho! Qual? Aaaahhh aí entra minha resposta típica de engenheira agrônoma: DEPENDE!


E tem mais!!! A coisa toda fica mais complicada quando a gente fala de rosés, vejam bem queridos, o rosé infelizmente é um vinho que sofre um preconceito insano no nosso país. E eu vivo de fato um amorzinho com eles  e tem tantas músicas e tantos livros que pareiam com esses vinhos que fico ultrajada quando alguém torce o nariz quando digo que vou beber um rose!
Além das histórias, livros e músicas, tive o prazer de introduzir e compartilhar grandes e pequenos também , porque no mundo do vinho são tantos rótulos que a gente acaba sim errando muitas vezes, com tantas amigas que me sinto totalmente acalentada todas as vezes que abro uma garrafa e bebo dela mesmo que sozinha. Porque em cada gole eu sempre tenho as minhas meninas para lembrar.

Hoje eu quero mesmo falar disso, sobre o rosé, “azamigas” e a filosofia! De uma forma ou de outra eu fui aos poucos apresentando um vinhozinho aqui, outro ali e fui trazendo ela comigo. Fui fazendo a Sara se apaixonar pelo rosé... Bem não foi difícil, ela gosta de cozinhar, ela não tem preconceito,
ela é uma mulher moderna, ela é um curinga!

E você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas UM CURINGA? Eu tive a sorte de cruzar com o curinga do baralho oposto ao meu e a gente compartilhou muito mais que vinhos muito mais que ideias... e PASMEM continuamos compartilhando hoje e sempre e tanto, e mesmo em  face do maior desencanto a gente se encanta do nosso contentamento! (parafraseando total Joisten Gaarder e Vinícius de Moraes com permissão)

O fato é que um bom vinho rosé instiga a alma e enaltece o cérebro. Ele é o Ás da mesa ele cai bem na piscina ou no happy hour, bem geladinho do jeito que tem que ser. Se você preferir ele fica super bem com uma entrada leve e se sobrar na garrafa acompanhará sem grandes pretensões a salada. Se o almoço for servido na sequência, o grande lance desse vinho é a harmonização pela sugestão dos sentidos... Uma mesa cor de rosa, um prato cor de rosa e um vinho cor de rosa e de repente tudo se equilibra! Salmão, camarão, strongonoff por que não??? Tudo tem a ver com o sugestionamento dos sentidos e um bom papo!

Aí vem um lance, mas e aquele rosé doce frutado da época do preconceito??? Bem, pegue ele e leve à mesa na hora da sobremesa, manda logo no prato um doce cítrico bem ácido e você vai viver uma das magias mais lindas do mundo do vinho, o balanço, o equilíbrio!
E páre de reclamar, se a vida te der um limão faça uma caipirinha??? NÃO, faça uma torta!!!! E se a vida só te der um vinho rosé doce, torça o nariz??? NÃÕ sirva ele com essa torta, aperte o play no CD da Norah Jones, frite a cabeça tentando descobrir quem veio primeiro o ovo ou a galinha e seja feliz! É tudo uma questão de equilíbrio, amizade e bons vinhos!

Enquanto isso vem a Sara e me diz:

Estou na cozinha. Um caos. Comprei uma balança imaginando que agora posso" pesar tudo que a vida me oferecer. Mas a vida é assim. Sempre uma surpresa. Eu de blusa rose, tomando um merlot. Descobrindo que um ovo tem 60g. Meio ovo tem 30. E eu finalmente posso fazer meia receita que exige um só ovo. Não sou de meias coisas. Mas não tenho queijo suficiente pra fazer uma receita de pão de queijo. Mas a questão é eu achava que com a balança eu seria mais ponderada. Mas de repente me vejo rindo e chorando. Polvilho pra todo lado. Potes sem tampa. Um livro sobre consertar bicicletas. Ovo. Óleo. Queijo. Cascas de queijo. Um baralho. Um creme. Um filtro. Alho. Mas não vai alho no pão de queijo. War on drugs em alto som. Eu posso pesar tudo. Mas às vezes, eu não quero pesar. Eu quero ser surpreendida. Eu quero sair do eixo. Chorar na cozinha. Rir na cozinha. E agradecer por ter amizades que só ficam melhor com o tempo. E que com o tempo continuam a fazer eu me emocionar. Amizade que completa o baralho sem coringa que está na minha mesa da cozinha
Devaneios na cozinha!

È por isso que só existe 1 carta dessas em cada baralho, é por isso que raras vezes se joga um jogo com 2 baralhos e portanto raras vezes os curingas se cruzam. Mas eles podem completar uma canastra e fazer você ganhar o jogo!
Começamos falando de relacionamento interpessoais, lembramos dos vinhos compartilhados e dos livros largamente discutidos.
Nós nunca bebemos um merlot juntas e o post está pronto mesmo sem a receita de uma torta de limão ou a indicação de um bom rosé.
No entanto ela terminou uma taça de merlot acolá e eu terminei de encher a minha  taça desse lado de cá com, olha só mais uma ironia curinguistica, um vinho Zinfandel que veio do lado de lá!
E todos os dias eu Camila sigo pensando sempre na frase que você Sara, (ou foi a Ana - Não importa é muito amor e virou lema) sempre me diz: A vida não merece meias garrafas !!!

Das mãos da Sara segue

Um brinde aos rosés e às amizades

Eu me considero uma pessoa de muita sorte. Também sou dessas que tem azar. Vivo achando que tem coisas que só acontecem comigo. O banco bloqueia minha senha online quando eu moro no exterior e a única maneira de resolver é indo à agencia mais próxima. Perco só uma mão do par das luvas. Compro outro par. De novo perco a mesma mão. Acabo com duas mãos esquerdas (ainda menos azar do que acabar com duas direitas). Espero a neve acalmar pra sair de casa e quando vou sair começa a chover. Não bastando o carro passa por mim e joga água na minha cara. Piso na poça d’água achando que é calçada (chão coberto de neve é um perigo, chão descoberto de neve um perigo ainda maior). Esqueço a carteira em casa justo no dia em que não trouxe almoço de casa. Mas eu não queria falar destas coisas. Queria dizer que tenho é muita sorte. Filha do Mario e da Vivi. Irmã da Ana e do Jorge. Prima de muitos queridos e queridas. Sobrinha de tantos outros queridos e queridas. Amiga de tantos… E hoje eu queria falar um pouco dos amigos. Na verdade, meus queridos amigos homens que me perdoem. Hoje eu vou falar das amigas. E é inevitável não lembrar de comidas e bebidas delas e com elas. Os brigadeiros e os fondues com as amigas de mais de 20 anos, a Má, Bia, Babi, Pati, Dani, Dé, Elô e Ná. Os bolos e petis gateaus da Julia com as amigas do colegial, Nati, Fer, Re e Má. O refúgio do Chateau Bãr da Maffi e da Mela, a única república da Esalq com mostarda dijon onde a gente tomava chá de jasmin a vinho, passando por muitas garrafas de conti.  A república Balaio com yakissoba e as famosas yakissobras, macarrão com agrião e atum (um prato muito requintado do cardápio) ao som de Demônios da Garoa e mulheres à beira de um ataque de nervos falando tudo junto ao mesmo tempo: 100, Bossa, Pipok, Binbin, Toxa, Doce, Pre, Re, Tubs. A Bahia com vatapá, acarajé, pirão, PF no chorinho da Maura com as brutas flores Lu, Lari, Fla, Mel, Carol, Vic, Flora, Michelona… São Paulo que permitiu com que eu reencontrasse desde a Má, a Babi e a Bru dos brigadeiros, a Julia do petit gateau em jantares nos lugares mais deliciosos, a Doce das yakissobras em almoços digníssimos, a Maffi do Chateau em queijos e vinhos. Permitiu que eu dividisse chimarrão com a Ruli e com a Mandai (e com a Paula antes dela voltar pro Acre e depois sumir no mundo), cervejas com a Paulinha, tapiocas com a Má, cheesecake com a Thay e a Mano, descobrir o pan con tomate da Esther e o bolo de fubá da Camila (mas que é feito pela da Zezé), as panquecas da vizinha Rena. É muito amor. É muita comida. É muita amizade.

Aqui também já tem as meninas com seus comes e bebes. A Kelly me apresentou o mead, um fermentado de mel. Fiz o falafel com a Kelly. A Rachel faz um pão incrível e comemorou tanto quanto eu a chegada da balança pra cozinha. A Laura me apresentou os peanut butter pretzels e me chamou de babaganoush snob mas mal sabe ela que eu sou uma esnobe da cozinha e não só do babaganoush. Sem contar as meninas que se juntaram para assistir o superbowl na casa da Kate tomando vinho e discutindo das regras do jogo ao consumismo americano.

Bom, eu já falei das mulheres da minha vida. Agora quero falar do vinho. E para falar do vinho eu tenho que falar da minha amiga que é sommeliére. Todo mundo precisa de uma amiga sommeliére. Não pra virar um enochato. Pelo contrário. A Camila, minha amiga sommeliére, é aquela que
Como eu sou uma pessoa de muita sorte todas estas mulheres lindas
Às vezes eu penso nela e ela em mim ao mesmo tempo sem combinar. A gente lê os mesmos livros por acidente e vai correndo contar uma pra outra: lê tal livro que você vai amar. A gente é capaz de discutir infinitamente sobre política, música, filmes, amores, amizades, ciência, comida, vinho, religião. A gente concorda em muito. A gente discorda de muito também. Mas a nossa relação é construída numa paixão pela discussão, numa paixão por viver bem com pouco, numa paixão por militar por causas que a gente acredita, seja ela o feminismo ou o vinho rosé. A gente troca mensagens de texto no celular, emails ou mensagens de chat  de facebook como se fôssemos personagens de um livro do Gaarder ou de um samba do Noel. Noel, o Rosa mesmo, talvez pela sua harmonização natural com o rosé. Já devem ser incontáveis os parágrafos que trocamos. Às vezes a gente está tão inspirada pela vida que a gente escreve coisas memoráveis. “A vida não é para meias garrafas” (muito embora esta eu ache que foi da Ana Cláudia. Ana te amamos). “Taça não!!! Flute”. “Queimar sutiã não foi suficiente, teremos que queimar panos de prato”. E ontem. Ah, ontem a gente constatou que de tanto parágrafo que a gente já trocou, a gente sempre está perto e parece que vive a vida da outra. Comemora um parágrafo feliz. Ajuda a mudar pro próximo quando é hora . Inspirada pelo vinho, pela discussão, pelo pequeno prazer de compartilhar mesmo uma aqui e outra acolá Camila me vem com a máxima: “É igual ditado da escola. Pula linha, parágrafo letra maúscula”. [ e eu literalmente faço isto]

Eu ia reclamar da disponibilidade de rosés aqui em Orono, ME. Só tem rosé de Moscatel. Vai ser doce. Eu poderia escrever um parágrafo longo reclamando dos rosés. Eu de fato escrevi pra Camila. Mas é melhor pular a linha, parágrafo letra maiúscula [desta vez, apenas no sentido figurado, o assunto continua o mesmo então vai no mesmo parágrafo igual na escola]. Posso comprar um tinto então. Ou posso comprar um branco. Ou posso comprar um rosé e tomar com uma sobremesa cítrica como a minha sommeliére favorita recomendou. Não preciso reclamar da falta de rosés. E também não preciso pesar tudo que vida oferece.


Monday, November 10, 2014

O Raio-X do evento: Degustação de vinho

Quando você recebe um convite para participar de um evento com o mote: DEGUSTAÇÃO DE VINHOS. Qual é a primeira imagem que vem a sua cabeça???
Essa?









Pois bem, acho primordial deixar CLARO logo no início do post que não é isso que eu entendo por degustação de vinhos. Para mim, uma imagem desse tipo, acompanhada de fichas técnicas, pontuações e impressões especificas sobre os aromas dos ésteres voláteis, a acidez malolática e a adstringência dos taninos dizem respeito à AVALIAÇÕES técnicas, para quais nós, e eu já nem sei se me incluo tanto nesse nós, sommeliérs e enólogos fomos treinados para tal. Eu, enófilos (excluo definitivamente dessa categoria os enófilos enochatos) e você que não tá nem aí se é enofulano ou enociclano, mas gostamos de beber vinho e merecemos de fato uma degustação sensorial do vinho. 
Quando eu faço algum treinamento ou workshop gosto sempre de dizer que prego contra a frescura do vinho, contra essa especificidade extrema dos aromas dos frutos vermelhos dos bosques de Frankfurt enquanto o seu lobo não vem... Acho que o vinho é muito mais do que isso, é prazer, é sentido. 
Você consegue distinguir um aroma frutado, vegetal ou animal? Consegue diferenciar um vermelho tom roxo, tom sangue e tom laranja? Você sente aquela pegação na boca, uma leveza, quase água... um Caqui verde, um mel, vontade de mastigar o vinho? Pronto meus caros! Vocês estão degustando... Vocês estão SABOREANDO um vinho!
É impressionante como hoje em dia tudo tem que ser rotulado entabulado e exibido. E isso é sempre muito forte no mundo do vinho, e é uma batalha pessoal, mostrar o quanto você sabe, o quanto você conhece, quais vinhos caros á bebeu, quanto países visitou... blábláblá whiskas sache como diz uma amiga minha!
Quando eu penso em degustar e apresentar aos clientes, confrades e amigos algum vinho a última coisa que eu me lembro é de falar dos aromas da cor do grau alcoólico... As vezes eu dou uma certa enfase na acidez, mas preciso confessar que isso se deve ao meu paladar que tem um amor louco por vinhos ácidos, porém eu gosto sempre de frisar a importância daquela garrafa que está sendo saboreada. Quanta história tem nela? Ou estória, um causo que seja...
Você sabe quem é aquele produtor e qual uva é aquela? Quantos por quês, a serem respondidos acerca daquele rótulo!
E quando eu coloco um vinho na mesa da minha casa num almoço ou em um jantar e ainda por cima tenho uma fofoca para contar sobre ele, isso é maravilhoso, vale mais que aromas com pitadas de noz moscada! Como por exemplo aquela vinícola 
que ao se instalar foi fazer uma terraplanagem e achou o maior fóssil de Dinossauro da América Latina

Ou aquela outra que fez aquele vinho com um rótulo para homenagear o movimento de contra cultura Peace and Love que rolou nos EUA nos anos 70 e tantas outras histórias e estórias...


O vinho é cultura... É deleite...


Hoje me peguei num papo com uma cliente respondendo a ela que tal vinho era tão bom que para mim bastava um bom livro ou um CD de Jazz. E ela me respondeu que achava esse mesmo vinho muito pesado para ela, que ela preferiria bebe-lo em uma refeição para que a comida, que provavelmente seria uma carne, talvez até de porco, pudesse "amaciar" o vinho. 
O vinho é respeito... É compartilhamento de opiniões...
Quando você pensa em degustar, em curso, em workshops de vinhos você pensa nisso tudo? Então seja benvindo ao Bicchiere Escritorio Di Vino a ideia é o prazer, a diversão e a simplicidade.
Quando menos você perceber a degustação, ou "saboreação" ou experiencia enológica, como eu gosto de chamar, perfeita acontecerá para você e é para isso que estou aqui.
Brindemos ao vinho bom, àquele que você gosta !

Saturday, November 8, 2014

Desmitificando os rosés e esquecendo o preconceito


Ontem foi uma sexta-feira típica, depois da correria toda da semana emuito cansaço, achei que ia terminar o dia dizendo a mim mesma que estava tão exausta que não tinha mais forças nem para o meu vinho.

No entanto um imprevisto acabou tornando o começo da noite na comprovação mais forte do propósito que desejo para o Bicchiere Escritorio di Vino, que é justamente a DESMITIFICAÇÃO do vinho. Seja em relação ao tipo de vinho, ou ao tipo de alimento para a harmonização ou principalmente em relação ao valor. Acabei fazendo uma brincadeira que valeu muito a pena, tanto que mereceu esse post.
Não é novidade para ninguém que me conhece que eu tenho uma certa paixão pelos rosés. Talvez por morar numa cidade onde o calor é constante e intenso.
Para esclarecer um pouco mais sobre os vinhos rosés devo dizer que NÃO, eles não são necessariamente a "mistura" de vinho branco com tinto. Embora sejam vinhos que fiquem nesse meio termo, para se fazer um BOM rosé através da técnica de "mistura" deve-se ser muito criterioso. Obter um vinho rosé de qualidade por essa via não é uma tarefa muito fácil!
Em geral os vinhos rosés são vinificados de forma que durante a fermentação as uvas fiquem em contato com a casca (pois é na casca que "mora" a cor do vinho) por um período menor de tempo. 
Durante a década de 90 houve um boom do vinho rosé doce e isso imprimiu a esse tipo de vinho um estigma, impedindo muita gente de desbravar o mundo dos rosés com segurança, sempre temendo vinhos de baixa qualidade e doçura acentuada. Isso é uma pena, pois hoje em dia encontramos no mercado ótimos vinhos desse tipo que são a opção perfeita para os dias quentes que muita gente deixa de lado.
Na Europa por exemplo, em especial nos países mais próximos do Mar Mediterrâneo são consumidos em larga escala, especialmente no verão. Posso dizer sem medo que aqui em Piracicaquente, na minha casa, meu pequeno chateau como dizem "azamigas", também consumimos em larga escala.

O fato é que uma boa garrafa de rosé vale a aventura!!!
E ontem acabei por acaso, num jantar improvisado com um casal de amigos vinhateiros e companheiros e sem querer acabamos fazendo uma degustação comparativa e muito didática acompanhada de uma harmonização extremamente inusitada e descompromissada. 
O calor era grande...
Na minha geladeira para variar havia, como sempre, um rosé chileno gelado. Na geladeira deles outro rosé chileno igualmente gelado. Os dois de relação custo-benefício muito boa acabamos vinhando eles inacreditavelmente em acompanhamento ao famoso Sanduba da Camila.


Acho que eu posso dizer que o meu hamburgão é um Chesse Salada Gourmet, pois hoje essa coisa do gourmet está bem na moda. Tem uma série de detalhes, hamburguer de peru, no lugar da maionese vai cream cheese com pesto e a salada é um mix de folhas verdes com raddichio e por aí vai...
De qualquer forma não seria diferente que a estrela da noite fossem os vinhos, então vamos a eles:
Tivemos um Undurraga  produtor eleito pela Assosiação Vinos de Chile a Vinícola do Ano em 2012  e um Doña Domingas que é uma linha da famosa vinícola Casa Silva premiada pela Revista Wine Spirits a vinícola do ano em 2010. 


Lendo isso a impressão é que com dois vinhos premiados nós gastamos muitos dinheiros não é? Pois eu digo NÃO...  Eu me atrevo a dizer que com o valor dos dois vinhos somados não chegamos em cem dinheiros!!!
O Undurraga um rosé de Cabernet Sauvignon daqueles bem PINK com um "quê" de doçura, uma leve lembrança de morango... Muito aromático, muito bonito. Leve e aveludado na boca. E que foi, pasmem, o favorito do Homem da mesa.

O Doña Domingas mais alaranjado mais ácido, um corte de Carmenére com Syrah. fresco, de aroma mais floral e pouco expressivo mas um vinho que dá água na boca. Que foi o campeão entre nós meninas.

Os dois simplesmente fizeram um sucesso com o sanduba!!!
Sanduba com vinho pode? Siiiimmm

Vinho rosé pode? Siiiiimmm
Vinho frutado para o Homem e àcido para a mulher pode? Siiiiimmm
Para o Bicchiere pode tudo, afinal vinho bom é aquele que voce gosta e ponto final.
Aventure-se no mundo dos rosés, nesse calor eu prometo que vai valer a pena!

Tuesday, November 4, 2014

Vinhos vinhos e mais vinhos! Por que amá-los tanto?

              Caros amigos e amigas, fico aqui pensando que as vezes algumas pessoas veem o vinho como uma bebida elitizada, "chique" demais... Como todos que me conhecem já sabem essa é uma ideia contra a qual eu luto mesmo!
Sim, o vinho pode ser antigo e tradicional mas o que não se percebe com facilidade é que ele é a bebida mais adaptada à cultura dos nossos tempos !!! E nenhuma outra bebida carrega consigo tamanha manifestação da natureza, pois é produzida, essencialmente, de uvas que fermentam convertendo o açúcar em álcool.

Você sabia que não se pode produzir vinho sem estar absolutamente comprometido com preocupações e questões ambientais, no cultivo das vinhas. E intervenções "químicas" em excesso tanto no cultivo da uva quanto na produção do vinho prejudicam a qualidade da bebida.

Quer razão mais "na moda" para curtir um vinho do que esse mote ambiental?

Além disso é produzido por meio da sinergia de um trabalho em grupo, geralmente uma família, sua tradição sua cultura... A interação com a terra e suas histórias! Até aquela barrica de carvalho onde se envelhece o vinho tem toooodo um lance de tradição e cultura.

Então eu me pergunto se você já parou para pensar sobre a degustação do vinho, se você fechar os olhos e pensar sobre isso qual imagem te vem à mente? Você pensa em "aromas de frutos dos bosques de Frankfurt, acidez equilibrada e adstringência persistente" ??? O que é isso??? Não não, para mim a degustação do vinho é puro prazer envolve todos os sentidos humanos: ouvimos seu som ao brindar as taças, somos seduzidos não só por sua aparência, aroma, textura e sabor, mas principalmente por suas histórias.

O vinho não conhece o conceito de verdade absoluta. Não existe o melhor vinho, ou o pior. O vinho certo, ou o errado. Existem, sim, vinhos diferentes para diferentes paladares e diferentes ocasiões. Aliás, assim como a sociedade, o mundo do vinho é absolutamente feito de diversidade. Diversidade de regiões, denominações, uvas, estilos...

Veja que paradoxo: nenhuma outra bebida fala tanto com os tempos atuais, quanto o vinho... Existe bebida mais moderna, ou melhor, mais contemporânea que essa?

Sem contar que consumo frequente de vinho, e em quantidades moderadas, é comprovadamente um hábito saudável.