Monday, November 10, 2014

O Raio-X do evento: Degustação de vinho

Quando você recebe um convite para participar de um evento com o mote: DEGUSTAÇÃO DE VINHOS. Qual é a primeira imagem que vem a sua cabeça???
Essa?









Pois bem, acho primordial deixar CLARO logo no início do post que não é isso que eu entendo por degustação de vinhos. Para mim, uma imagem desse tipo, acompanhada de fichas técnicas, pontuações e impressões especificas sobre os aromas dos ésteres voláteis, a acidez malolática e a adstringência dos taninos dizem respeito à AVALIAÇÕES técnicas, para quais nós, e eu já nem sei se me incluo tanto nesse nós, sommeliérs e enólogos fomos treinados para tal. Eu, enófilos (excluo definitivamente dessa categoria os enófilos enochatos) e você que não tá nem aí se é enofulano ou enociclano, mas gostamos de beber vinho e merecemos de fato uma degustação sensorial do vinho. 
Quando eu faço algum treinamento ou workshop gosto sempre de dizer que prego contra a frescura do vinho, contra essa especificidade extrema dos aromas dos frutos vermelhos dos bosques de Frankfurt enquanto o seu lobo não vem... Acho que o vinho é muito mais do que isso, é prazer, é sentido. 
Você consegue distinguir um aroma frutado, vegetal ou animal? Consegue diferenciar um vermelho tom roxo, tom sangue e tom laranja? Você sente aquela pegação na boca, uma leveza, quase água... um Caqui verde, um mel, vontade de mastigar o vinho? Pronto meus caros! Vocês estão degustando... Vocês estão SABOREANDO um vinho!
É impressionante como hoje em dia tudo tem que ser rotulado entabulado e exibido. E isso é sempre muito forte no mundo do vinho, e é uma batalha pessoal, mostrar o quanto você sabe, o quanto você conhece, quais vinhos caros á bebeu, quanto países visitou... blábláblá whiskas sache como diz uma amiga minha!
Quando eu penso em degustar e apresentar aos clientes, confrades e amigos algum vinho a última coisa que eu me lembro é de falar dos aromas da cor do grau alcoólico... As vezes eu dou uma certa enfase na acidez, mas preciso confessar que isso se deve ao meu paladar que tem um amor louco por vinhos ácidos, porém eu gosto sempre de frisar a importância daquela garrafa que está sendo saboreada. Quanta história tem nela? Ou estória, um causo que seja...
Você sabe quem é aquele produtor e qual uva é aquela? Quantos por quês, a serem respondidos acerca daquele rótulo!
E quando eu coloco um vinho na mesa da minha casa num almoço ou em um jantar e ainda por cima tenho uma fofoca para contar sobre ele, isso é maravilhoso, vale mais que aromas com pitadas de noz moscada! Como por exemplo aquela vinícola 
que ao se instalar foi fazer uma terraplanagem e achou o maior fóssil de Dinossauro da América Latina

Ou aquela outra que fez aquele vinho com um rótulo para homenagear o movimento de contra cultura Peace and Love que rolou nos EUA nos anos 70 e tantas outras histórias e estórias...


O vinho é cultura... É deleite...


Hoje me peguei num papo com uma cliente respondendo a ela que tal vinho era tão bom que para mim bastava um bom livro ou um CD de Jazz. E ela me respondeu que achava esse mesmo vinho muito pesado para ela, que ela preferiria bebe-lo em uma refeição para que a comida, que provavelmente seria uma carne, talvez até de porco, pudesse "amaciar" o vinho. 
O vinho é respeito... É compartilhamento de opiniões...
Quando você pensa em degustar, em curso, em workshops de vinhos você pensa nisso tudo? Então seja benvindo ao Bicchiere Escritorio Di Vino a ideia é o prazer, a diversão e a simplicidade.
Quando menos você perceber a degustação, ou "saboreação" ou experiencia enológica, como eu gosto de chamar, perfeita acontecerá para você e é para isso que estou aqui.
Brindemos ao vinho bom, àquele que você gosta !

Saturday, November 8, 2014

Desmitificando os rosés e esquecendo o preconceito


Ontem foi uma sexta-feira típica, depois da correria toda da semana emuito cansaço, achei que ia terminar o dia dizendo a mim mesma que estava tão exausta que não tinha mais forças nem para o meu vinho.

No entanto um imprevisto acabou tornando o começo da noite na comprovação mais forte do propósito que desejo para o Bicchiere Escritorio di Vino, que é justamente a DESMITIFICAÇÃO do vinho. Seja em relação ao tipo de vinho, ou ao tipo de alimento para a harmonização ou principalmente em relação ao valor. Acabei fazendo uma brincadeira que valeu muito a pena, tanto que mereceu esse post.
Não é novidade para ninguém que me conhece que eu tenho uma certa paixão pelos rosés. Talvez por morar numa cidade onde o calor é constante e intenso.
Para esclarecer um pouco mais sobre os vinhos rosés devo dizer que NÃO, eles não são necessariamente a "mistura" de vinho branco com tinto. Embora sejam vinhos que fiquem nesse meio termo, para se fazer um BOM rosé através da técnica de "mistura" deve-se ser muito criterioso. Obter um vinho rosé de qualidade por essa via não é uma tarefa muito fácil!
Em geral os vinhos rosés são vinificados de forma que durante a fermentação as uvas fiquem em contato com a casca (pois é na casca que "mora" a cor do vinho) por um período menor de tempo. 
Durante a década de 90 houve um boom do vinho rosé doce e isso imprimiu a esse tipo de vinho um estigma, impedindo muita gente de desbravar o mundo dos rosés com segurança, sempre temendo vinhos de baixa qualidade e doçura acentuada. Isso é uma pena, pois hoje em dia encontramos no mercado ótimos vinhos desse tipo que são a opção perfeita para os dias quentes que muita gente deixa de lado.
Na Europa por exemplo, em especial nos países mais próximos do Mar Mediterrâneo são consumidos em larga escala, especialmente no verão. Posso dizer sem medo que aqui em Piracicaquente, na minha casa, meu pequeno chateau como dizem "azamigas", também consumimos em larga escala.

O fato é que uma boa garrafa de rosé vale a aventura!!!
E ontem acabei por acaso, num jantar improvisado com um casal de amigos vinhateiros e companheiros e sem querer acabamos fazendo uma degustação comparativa e muito didática acompanhada de uma harmonização extremamente inusitada e descompromissada. 
O calor era grande...
Na minha geladeira para variar havia, como sempre, um rosé chileno gelado. Na geladeira deles outro rosé chileno igualmente gelado. Os dois de relação custo-benefício muito boa acabamos vinhando eles inacreditavelmente em acompanhamento ao famoso Sanduba da Camila.


Acho que eu posso dizer que o meu hamburgão é um Chesse Salada Gourmet, pois hoje essa coisa do gourmet está bem na moda. Tem uma série de detalhes, hamburguer de peru, no lugar da maionese vai cream cheese com pesto e a salada é um mix de folhas verdes com raddichio e por aí vai...
De qualquer forma não seria diferente que a estrela da noite fossem os vinhos, então vamos a eles:
Tivemos um Undurraga  produtor eleito pela Assosiação Vinos de Chile a Vinícola do Ano em 2012  e um Doña Domingas que é uma linha da famosa vinícola Casa Silva premiada pela Revista Wine Spirits a vinícola do ano em 2010. 


Lendo isso a impressão é que com dois vinhos premiados nós gastamos muitos dinheiros não é? Pois eu digo NÃO...  Eu me atrevo a dizer que com o valor dos dois vinhos somados não chegamos em cem dinheiros!!!
O Undurraga um rosé de Cabernet Sauvignon daqueles bem PINK com um "quê" de doçura, uma leve lembrança de morango... Muito aromático, muito bonito. Leve e aveludado na boca. E que foi, pasmem, o favorito do Homem da mesa.

O Doña Domingas mais alaranjado mais ácido, um corte de Carmenére com Syrah. fresco, de aroma mais floral e pouco expressivo mas um vinho que dá água na boca. Que foi o campeão entre nós meninas.

Os dois simplesmente fizeram um sucesso com o sanduba!!!
Sanduba com vinho pode? Siiiimmm

Vinho rosé pode? Siiiiimmm
Vinho frutado para o Homem e àcido para a mulher pode? Siiiiimmm
Para o Bicchiere pode tudo, afinal vinho bom é aquele que voce gosta e ponto final.
Aventure-se no mundo dos rosés, nesse calor eu prometo que vai valer a pena!

Tuesday, November 4, 2014

Vinhos vinhos e mais vinhos! Por que amá-los tanto?

              Caros amigos e amigas, fico aqui pensando que as vezes algumas pessoas veem o vinho como uma bebida elitizada, "chique" demais... Como todos que me conhecem já sabem essa é uma ideia contra a qual eu luto mesmo!
Sim, o vinho pode ser antigo e tradicional mas o que não se percebe com facilidade é que ele é a bebida mais adaptada à cultura dos nossos tempos !!! E nenhuma outra bebida carrega consigo tamanha manifestação da natureza, pois é produzida, essencialmente, de uvas que fermentam convertendo o açúcar em álcool.

Você sabia que não se pode produzir vinho sem estar absolutamente comprometido com preocupações e questões ambientais, no cultivo das vinhas. E intervenções "químicas" em excesso tanto no cultivo da uva quanto na produção do vinho prejudicam a qualidade da bebida.

Quer razão mais "na moda" para curtir um vinho do que esse mote ambiental?

Além disso é produzido por meio da sinergia de um trabalho em grupo, geralmente uma família, sua tradição sua cultura... A interação com a terra e suas histórias! Até aquela barrica de carvalho onde se envelhece o vinho tem toooodo um lance de tradição e cultura.

Então eu me pergunto se você já parou para pensar sobre a degustação do vinho, se você fechar os olhos e pensar sobre isso qual imagem te vem à mente? Você pensa em "aromas de frutos dos bosques de Frankfurt, acidez equilibrada e adstringência persistente" ??? O que é isso??? Não não, para mim a degustação do vinho é puro prazer envolve todos os sentidos humanos: ouvimos seu som ao brindar as taças, somos seduzidos não só por sua aparência, aroma, textura e sabor, mas principalmente por suas histórias.

O vinho não conhece o conceito de verdade absoluta. Não existe o melhor vinho, ou o pior. O vinho certo, ou o errado. Existem, sim, vinhos diferentes para diferentes paladares e diferentes ocasiões. Aliás, assim como a sociedade, o mundo do vinho é absolutamente feito de diversidade. Diversidade de regiões, denominações, uvas, estilos...

Veja que paradoxo: nenhuma outra bebida fala tanto com os tempos atuais, quanto o vinho... Existe bebida mais moderna, ou melhor, mais contemporânea que essa?

Sem contar que consumo frequente de vinho, e em quantidades moderadas, é comprovadamente um hábito saudável.